Diferentemente de anos anteriores, este ano não fiz contagem regressiva de um mês de antecedência. Me dei conta que a data era dali a quatro dias e debati por 10 minutos se faria ou não uma festinha. Afinal, acabei de aportar nestas terras e estive com os novos amigos apenas duas ou três vezes. Mas foi exatamente isto que ativou meu botão de comemorar: e por que não brindar com quem me recebeu tão bem numa cidade que eu adoro poder falar mal? No fundo eu sabia que o brinde não era apenas em minha homenagem, mas à deles também. Era uma forma de agradecimento. Sem contar que desde os 16 anos de idade não celebro aniversário com minha mãe por perto. E seria meu primeiro aniversário com meu querido W. E eu queria fazer brigadeiro. E comer bolo. E tomar caipirinha. E me sentir especial sim. Porque eu gosto. E posso.
Então, desde as 24 horas que antecederam a data, dei largada para a sessão de cuidados: cabelo pintado em salão seguido de corte, manicure, pedicure, sobrancelhas depiladas. Praticamente barba, cabelo e bigode. E, na tarde do dia 02, massagem sueca num spa pelas mãos de um homem forte chamado Felipe. Presente de W.
A primeira etapa foi festa de criança, na bagunça ao lado dos filhos dos meus recém-amigos. Como você explica para uma garotinha de nove anos que ela ainda não pode tomar cachaça? Faça um milk shake de morango e diga que é "caipirinha for kids". Pronto, naquela noite nasciam futuros viciados. Do lado de fora da casa, minha mãe grita: "traga um lenço!" Chego lá e pela 1a vez na vida tem uma piñata para mim. Todinha para mim! Piñatas são um clássico da tradição mexicana: potes de papier machê em formato de tudo o que você possa imaginar - flores, carros, super heróis, Bob Sponja, cavalinho -- com doces dentro. Uma venda é colocada nos olhos de uma criança que dá umas rodadinhas para ficar tonta e tentar acertar com um bastão o boneco pendurando numa árvore. Quando ele quebra, derrama rios de doces e brinquedinhos. É o mesmo conceito do quebra-pote brasileiro, um clássico da minha infância. Então é aqui que aparece o pau: um cabo de vassoura. E é aqui que aparece a fada: minha piñata era uma Sininho do tamanho de um bebê e com cara de monstro. Surrei a bichinha com gosto. A cabeça foi parar do outro lado da rua. Botei pra fora qualquer sinal de demônio que quisesse roubar meu bom momento astral.

Abre parênteses: como é que de um ano para outro a vida pode tomar um caminho completamente distinto? Em 2008 eu comemorava meu aniversário numa champanheria carioca, cercada de amigos de longa data e de alguns amigos também recém-conhecidos, mas de perfil tão distinto dos amigos de Laredo. Eram publicitários, fotógrafos, atrizes, músicos, cineastas, designers. No Rio todo mundo é pop. Estouramos vários espumantes e ainda tive forças para emendar um cabrito com arroz de brócolis na Lapa às 2h da madrugada. Aqui, pessoas de profissão "normal", -- advogados, professora de 2o grau, instrutora de academia, jornalista -- muitos recém-saídos de reunião do Rotary Club. E eu servindo leite batido pra gurizada, dando um beijo no meu marido e abraçando minha mãe. Quero nem pensar no ano que vem. Que venha. Fecha parênteses.
A noite ainda teve direito a bolo encomendado combinando com a cor dos pratos, da toalha de mesa e dos guardanapos; brigadeiro coberto com chocolate granulado; pão de sardinha que virou minha "receita secreta" de sucesso; queijos variados, tomate cereja no azeite e hummus de caixa porque a gente também tem que ser prática de vez em quando. E eu de avental vermelho a noite inteira atrás do balcão preparando caipirinha para os convidados. Verdade, mal tive tempo de conversar com as pessoas. Servir foi o que fiz, mas com gosto, com vontade. Tome, prove um pouco da de limão que é clássica. Experimente agora a de morango. Morango com limão caiu no gosto dos laredenses. Um pouco do meu Brasil misturado com cachaça e açúcar. Um pouco de mim. Receber é bom, mas dar é tão prazeiroso quanto. E juro que esta frase não tem duplo sentido.
Ju,
ResponderExcluirAdorei! Me lembrou 100% meus aniversários de criança na verdade. Eu adoraaaaaava os primos ao redor, o bolo confeitado, a grande família que se formava em torno da gente só pra ver nossa alegria. E essa piñata sua, lá em Salvador também tinha! Em todos os aniversários, tinha alguma coisa no teto da varanda amarrada cheia de doces dentro e o esquema era exatamente o mesmo... só que o nome do negócio não era piñata e agora não lembro. Vou perguntar a minha mãe e te digo depois!! Adorei ver que de alguma forma, tá rolando um retorno a um estilo de vida no mínimo mais caloroso, acredito eu. Beijo, nega!
:)Eita fui lá no túnel do tempo e me lembrei de alguns aniversários que tive com o "quebra-panela" :) era assim que eu conhecia. Era uma panela de barro enorme, cheia de doces!
ResponderExcluirLegal essa comparação de aniversários, tão "distantes" mas que te fizeram feliz, o importante estar vivo é isso.
bjs
Amiga, fico feliz por ter tido um dia tão especial e tão bem comemorado, com a mãe por perto então... bom demais!Um beijo enorme! Felicidades.
ResponderExcluirRasga Saco!!!!!! Lembrei agora.
ResponderExcluirO vizinho lhe mandou um abraço. Topei com ele no elevador. :)
Bju!