quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Café, hookah, vinho e uma noite que flui



Neste meu primeiro mês de aniversário em Laredo City, descobri um dos lugares mais agradáveis da cidade: Cuadro Cafe. Décor super aconchegante, com mesinhas e mobiliário lounge cheios de almofadas, canecas de café com uma plantinha de bambu sobre as mesas, garrafas de vinho espalhadas por todos os lados, posters artísticos, quadros, fotografias, máscaras africanas e um palquinho com caixas de som, microfone e bateria pronto para receber uma banda. Fui pela primeira vez na tarde desta última terça-feira. Levei meu laptop, pedi um iced caramel mocha e passei a tarde inteira me deliciando naquele pedaço de cultura urbana tão nada a ver com a cidade.
Ah, nada como as ilhas! O lugar pertence a três jovens e simpáticos sócios na casa dos vinte anos. São eles quem tomam conta do lugar, fazem os cafés e servem os clientes. Fui praticamente a única cliente ali a tarde inteira. Confesso que esperava um público maior, até porque existe em Laredo uma universidade (Texas A&M International University) e uma faculdade. Pelo visto, contudo, não existe uma cultura de coffee shop. O que é uma pena. Alguns dos melhores momentos da minha vida foram regados a cafeína e vinho em cafés simpáticos nos meus anos universitários em Lawrence, Kansas.

Voltei ao Cuadro ontem à noite, para minha primeira girls' night out, ou seja, uma saída só com as meninas. Só as mulé! Já estava sentindo falta de estar num universo feminino. Além de agradabilíssimo, o local é BYOB, ou seja Bring Your Own Beer -- você pode levar qualquer bebida, em qualquer quantidade, e paga apenas US$ 5 pela consumação. Esta taxa ainda inclui o serviço de abrir suas garrafas, taças e gelo. E não é só isto: em agosto, quem levar sua própria bebida ganha uma rodada de hookah, aquele cachimbo à base d'água muito usado nos países árabes. Em outras palavras: perfeito.

Fui com Fabi e sua amiga Laurie, quem conheci ontem à noite. Ambas são advogadas e trabalham numa ONG que oferece serviços jurídicos para quem não tem condições de pagá-los. Fabi é local da cidade e a conheci através de W. Eles, por sua vez, se conheceram durante os trabalhos voluntários da campanha de Obama. Fabi acaba de voltar a Laredo após ter morado em Austin, Texas, por oito anos. Para mim, é bom vê-la se readaptando à sua cidade natal (lembrando que tudo é válido como fonte de inspiração). Ela reconhece as deficiências locais, mas parece estar feliz. Muito inteligente e extrovertida, tomei uma simpatia rápida por esta jovem de olhos grandes e lindo cabelão encaracolado. Laurie é californiana e mora aqui há dois anos. Muito simpática, parece uma estátua de marfim de tão branquinha e delicada. Quando perguntei o que ela achava da cidade, sua resposta foi hesitante: "bom, estou me adaptando". Ri e disse "isto significa que você está odiando." Gargalhadas compartilhadas a três.


E assim a noite foi fluindo, entre vinhos, tragadas de hookah com sabor de maçã e mel, velhas canções de James Taylor na voz e violão de dois filipinos que cantavam como anjos (que vozes, que vozes!), algumas confidências e muitas risadas. Tudo muito leve, como a doce embriaguez do meu vinho espanhol de La Rioja (propositalmente escolhido na minha ida ao supermercado: eu precisava de umas forças flamencas para levantar meu ânimo que estava meio enviezado nos últimos dias). Ao redor, mesas vazias. Apenas um grupo de filipinos amigos dos músicos, um outro grupo de três pessoas e dois casais que foram embora pouco depois de chegarmos. No big deal. Às vezes não precisamos de nada mais além de um coração cheio, um peito aberto e boas gargalhadas para curar qualquer aproximação de tédio. E vivam as ressacas das quintas-feiras!

Um comentário:

  1. Que legal essa ideia! Incrível como esses lugares maravilhosos às vezes demoram para serem descobertos! Pôxa, eu quero uma noite assim tb :)

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