domingo, 26 de julho de 2009

Domingo

Deus criou o mundo no domingo para no sábado descansarmos. A humanidade mudou a ordem e fez do domingo o dia do descanso. E, independentemente de passarmos a semana trabalhando insanamente ou de desacelerarmos em sábaticos dias, o domingo sempre amanhece com um véu de suave melancolia, uma preguiça entranhada nos lençóis, questionamentos em profusão.


É preciso preparar alguns projetos. Tempero um peixe para W. Misturo banana, leite de côco, duas colheres de creme de leite, salsinha fresca. No escritório, W estuda sua lição de português. Há muitos idiomas a serem aprendidos quando se casa. A língua mãe de cada um é apenas um detalhe. Desbravam-se os olhares, os pequenos cuidados, o beijo prolongado, o sono, as gargalhadas, os silêncios. Há tantas sintaxes e proparoxítonas nestas conjugações. Do canto da sala, uma voz: "oi, rainha, estudo por você. " Meu coração se amorna e o peixe cheira bem.

Dois pratos e quatro talheres sobre a mesa. Ele adora o mesmo peixe que eu acho um horror. Ambos requentamos o feijão da sexta-feira. Uma refeição servida é mais um projeto que se acaba. Vamos cuidar da casa: o chão está encardido, coloque os cachorros para fora, aqui está o rodo, recarregue a furadeira para pregarmos as novas luminárias. O vento sopra quente sobre as árvores do quintal e meus dedos ainda cheiram a cebola e alho. Existem algumas pequenas alegrias vindas das minúsculas sequências de diminutos atos que tornam os domingos tão grandiosos.

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